segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ciclo de debates HABITA



AS NOVAS FRONTEIRAS DA GENTRIFICAÇÃO


No dia 16 de Janeiro, pelas 19h, no Mob - Espaço Associativo (Rua dos Anjos 12F, Intendente, Lisboa), terá lugar a sessão inaugural do Ciclo de Debates dinamizado pela HABITA - Associação pelo Direito à Habitação e à Cidade. Abrimos um espaço de reflexão crítica sobre as cidades e o mundo urbano, para melhor combater as desigualdades e injustiças que nele se (re)produzem.

As novas fronteiras da gentrificação

A discussão que desencadearemos em torno da gentrificação estruturar-se-á em duas partes essenciais. A primeira visa fazer uma cartografia conceptual da gentrificação e de como este processo tem vindo a evoluir nos estudos urbanos desde os anos 60 à luz dos principais paradigmas que a enformam. A segunda visa mapear as principais fronteiras e desafios que se colocam à investigação do processo. As pistas de reflexão orientar-se-ão por valorizar frentes recentes e futuras que mais se têm expandido no estudo da gentrificação, nomeadamente: a sua polémica relação com as políticas públicas de reabilitação urbana; a falácia do seu contributo para o mix social e residencial; as máscaras e os eufemismos da regeneração urbana e da cidade criativa para a produção da cidade enquanto máquina de crescimento; a expansão territorial, pluriescalar e glocal da gentrificação, não só a outras áreas da cidade, como também a cidades de todo o mundo, mas simultaneamente como estratégia ideológica de um urbanismo global neoliberal e revanchista. Transversalmente a estas novas fronteiras, concluiremos pela necessidade de valorização na agenda urbana crítica de análises do estudo do fenómeno que se façam sob o signo do papel dos novos movimentos sociais urbanos, dos movimentos cíclicos de capital na produção do espaço e do ambiente construído, da segregação residencial, do aprofundamento da divisão social do espaço urbano e da sua reprodução enquanto espaço social fragmentado e crescentemente polarizado; de forma a evitar o desalojamento do pensamento crítico na explicação do processo.

Luís Mendes é geógrafo e investigador no Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.

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