quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Debates Habita #3 – Habitação no OE 2019

Habitação no OE 2019, da crítica às opções políticas



Terceiro evento do ciclo de debates Habita 2017/2018

Habita convida todxs a participar numa sessão de debate sobre o estado das políticas de habitação, com especial referência ao papel da habitação no Orçamento de Estado 2019. Rui Viana Pereira vai lançar o debate apresentando as suas reflexões críticas sobre as opções de financiamento e fiscais tomadas no OE 2019 (ver www.habita.info/2018/11/oe-2019-e-habitacao-duas-migalhas-nao.html).

O objetivo é refletir coletivamente sobre a atitude que Habita, e outros atores dos movimentos sociais interessados com habitação, deveria tomar em relação à ação do governo; e trabalhar em propostas alternativas para o OE e as políticas da habitação.

13 Dezembro 2018 / 18h30
MOB, Rua dos Anjos 12

[Coordenação Simone Tulumello (ICS-ULisboa)]

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Encontro sobre o Direito à Habitação - 10 Dez. 17h30

Habita adicionou um evento.
No passado dia 30 de Novembro a associação Habita promoveu um encontro de moradores dos bairros de Chelas. Esta primeira reunião serviu para todos se apresentarem e falarem um pouco sobre a sua situação. Todas as histórias são diferentes mas todas mostram uma mesma situação: muitas famílias não conseguem aceder a uma casa digna da sua vida familiar.

Falámos de solidariedade entre todos os que estão no mesmo barco e entre vizinhos que se querem ajudar. Precisamos de debater o que juntos podemos fazer para lutar pelo direito a habitação.

Convidamos todas e todos que se queiram juntar a esta luta para a próxima reunião.
Se quer ajudar a lutar pelo direito à habitação, tenha ou não actualmente um problema, é bem vindo!

 
 
SEG, 10/12 ÀS 17:30
 

sábado, 1 de dezembro de 2018

Debates Habita 2018/19 - #2 – Alex Ferreira Magalhães



Segundo evento do ciclo de debates Habita 2018/2019

Alex Ferreira Magalhães (IPPUR/UFRJ)
Introdução e moderação: Barbara Bravo (Habita)

O Direito das Favelas em perspectiva internacional: do pluralismo jurídico às recentes estratégias territoriais do Estado e de outros agentes sociais

01 dezembro 2018 / 16h00
CES Lisboa (Picoas Plaza; Rua Viriato 13E)

ATENÇÃO: por razões de organização, o debate será no Largo Café, no Largo do Intendente.

Doutorado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, 2010). Tem experiência nas áreas de Direito (ênfase em Direito Urbanístico e Direito Civil), Planejamento Urbano (ênfase em Planos Diretores, instrumentos de política urbana, e Regularização Fundiária), Ciências Sociais (ênfase em Sociologia Urbana) e Metodologia da Pesquisa. É Professor Associado I da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordena projetos de pesquisa e extensão, orienta diversos trabalhos acadêmicos e possui inúmeras publicações relacionadas às disciplinas acima mencionadas. Foi integrante da Diretoria Nacional do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU) no período 2014-2017. É membro do International Research Group on Law and Urban Space (IRGLUS) desde 2014. É Membro do Grupo de Trabalho 'Desigualdades Urbanas' do CLACSO (Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais), desde 2015. Desde 2016 é Pesquisador - Bolsista da FAPERJ - Jovem Cientista do Nosso Estado. Fundador e Diretor Geral do Laboratório de Estudos das Transformações do Direito Urbanístico Brasileiro (LEDUB).

[Coordenação Simone Tulumello (ICS-ULisboa)]

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Orçamento do Estado para Habitação: 0,21%

Em plena votação de ORÇAMENTO DE ESTADO vimos relembrar:

Vivemos uma crise de habitação que se alastra. Os preços da habitação não param de aumentar, os despejos e a falta de alternativas são inaceitáveis num Estado que está sujeito a responsabilidades muito concretas na Constituição da República Portuguesa pelo direito à habitação.

Partido Socialista e a direita, na Assembleia da República, têm feito tudo por bloquear a discussão sobre a necessidade fundamental de regular o mercado e de controlar a especulação. Além disso, é inaceitável que perante as necessidades urgentes e crescentes de habitação pública, o orçamento total para habitação no Orçamento de Estado para 2019 seja apenas de 0,21 % do total de despesas com funções do Estado. Tal é ainda menos do que o orçamento para a cultura. Deste orçamento, grande parte é ainda para pagar bonificações aos créditos bancários antigos e ficam apenas 40 milhões para a habitação pública (40 milhões não é nada!!). Depois de 10 anos de investimento zero neste domínio, da redução de rendimentos das pessoas em geral e da vaga de especulação, estes números são inaceitáveis.

Nem AR nem Governo estão a levar a sério a crise na habitação. A falta de orçamento e a recusa em regular o mercado mostra que governo e PS está apenas a defender os interesses da especulação e do imobiliário e viola os direitos e responsabilidades a que está obrigado na defesa das pessoas.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

OE-2019 e habitação: duas migalhas não matam a fome

Na semana em que escrevo estas linhas, o Orçamento de Estado para 2019 (OE-2019) ainda está a ser debatido em pormenor no Parlamento, mas nas suas grandes linhas já foi aprovado e não volta atrás. Ao mesmo tempo, o país inteiro, com especial incidência nas grandes cidades, vive uma crise da habitação e uma vaga de especulação imobiliária de dimensões inéditas; por isso interessa olhar para o OE-2019 dando especial atenção à questão da habitação.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Manifestantes pelo direito à habitação ocupam Ministério do Ambiente em Lisboa

Cerca de duas dezenas de pessoas protestam esta quarta-feira no Ministério do Ambiente, em Lisboa, numa ação organizada pela associação Habita e pela plataforma Stop Despejos em solidariedade para com as famílias desalojadas do Bairro 6 de Maio, na Amadora.

"Neste momento, entrámos todos no Ministério do Ambiente e conseguimos, finalmente, negociar uma reunião com os chefes de gabinete do ministro do Ambiente e da secretária de Estado da Habitação", avançou à agência Lusa a presidente da Habita - Associação pelos Direitos à Habitação e à Cidade, Rita Silva.
Além da situação dos desalojados do Bairro 6 de Maio, a ação de protesto, que começou às 15:00 no Ministério do Ambiente, visa contestar a verba disponível para a habitação na proposta do Orçamento do Estado para 2019.
A dirigente da Habita disse à Lusa que o protesto visa "confrontar o Governo com a opção política de colocar no Orçamento do Estado para 2019 uma verba para habitação que é ridícula", sobretudo quando se assiste a uma "crise na habitação".
Numa altura em que o Orçamento do Estado para 2019 está em fase de discussão na especialidade, Rita Silva sublinha que "ainda é possível aumentar o orçamento para a habitação", porque o documento "ainda não foi votado e há propostas no parlamento para aumentar o orçamento para a habitação".
"O orçamento previsto para a habitação é ainda menor do que o orçamento para a cultura. Nós sabemos que a cultura está a fazer há anos uma campanha por orçamento para a cultura, de 1% para cultura. O orçamento para a cultura é 0,31% e o orçamento para a habitação são 0,21% para o próximo ano. Não é nada", afirmou Rita Silva.
Para a Habita, esta verba "diz que o Governo não leva a sério o problema da habitação, que milhares e milhares de famílias estão neste momento a enfrentar".
Por outro lado, Rita Silva acusa o Governo e o PS de estarem a protelar iniciativas que visem regular o mercado de arrendamento.
"O primeiro-ministro criou a secretaria de Estado da Habitação, fez uma grande coisa com a nova estratégia de políticas de habitação e, afinal, a montanha pariu um rato", acusou.

Lusa
https://sicnoticias.sapo.pt/pais/2018-11-21-Manifestantes-pelo-direito-a-habitacao-ocupam-Ministerio-do-Ambiente-em-Lisboa

Debates Habita 2018/19 - #1 – Elena Hernandez

Primeiro evento do ciclo de debates Habita 2018/2019



Elena Hernandez (Albert-Ludwigs-University, Freiburg)

‘Uma kasa okupada’: Experiences of homemaking between last resort and self-determination
[Experiências de produção do espaço habitacional, entre último recurso e auto-determinação]

22 novembro 2018 / 18h30
MOB, Rua dos Anjos 12

Elena Hernández (1995), depois de ter passado o seu semestre Erasmus no ISCTE-IUL (em 2017), estendeu a sua permanência, em colaboração com o projeto exPERts (https://expertsproject.org/), para desenvolver a sua tese de licenciatura, em antropologia social e cultural, na Universidade Albert Ludwigs de Friburgo. Em Lisboa, Elena tem investigado as práticas sociais de mulheres que ocupam habitações públicas, com o objetivo de mostrar as suas experiências, esperanças e visões da sua condição.

[Coordenação Simone Tulumello (ICS-ULisboa)]

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Despejos em Lisboa: a Câmara Municipal porta-se mal


Assembleia Municipal de Lisboa, 16-10-2018, 
com presença de grupos de moradores (foto Saila Saaristo / Habita)

A/c Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta
Com conhecimento a:
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Vereadores/as da Câmara Municipal de Lisboa
Grupos Municipais da AML

Considerando que:

- O país tem 2 a 3 % de habitação pública;

- Lisboa tem uma percentagem maior, mas também tem uma pressão demográfica muito maior;

- Lisboa tem milhares de pedidos de habitação social, muitos de pessoas em situação limite de desespero, que ficam sem resposta durante anos;

- O número de pessoas sem trabalho, com trabalho precário ou com salário mínimo aumentou muito nos últimos anos;

- O município de Lisboa (CML) deixou durante muitos anos largas centenas ou até mais de um milhar de casas municipais vazias e abandonadas, em degradação permanente;

- A aposta da Câmara, em termos de investimento público ao longo dos últimos anos, foi para o espaço público no sentido da valorização imobiliária das zonas da elite, promovendo assim o gasto de dinheiros públicos para dar ganhos aos privados e contribuindo para o aumento das rendas e da especulação imobiliária;

- A CML não se mostra interessada em aumentar o seu parque público de habitação social, pelo contrário, vendeu muitas casas ao longo dos últimos anos. Hoje está até a retirar casas do parque social com renda apoiada para praticar outros preços, mais elevados, por exemplo um T2 por 500 euros nos concursos de renda condicionada para a chamada classe média;

- A Câmara está a fazer despejos sem garantir sequer soluções adequadas para as pessoas. Uma solução adequada não é ir viver na casa de um familiar onde não há espaço nem boas relações;

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Direito à habitação e à cidade - Encontro internacional e dia de acção



Cerca de 120 activistas de 31 organizações provenientes de 21 países europeus (contando com a Turquia e o CADTM-Bélgica, presentes como observadores), estiveram reunidas em Lisboa, de 21 a 25/Setembro/2018. Neste encontro internacional de organizações-membros da EAC foram discutidas estratégias de luta pelo direito fundamental à habitação e ao usufruto da cidade pelos seus habitantes. Discutiram-se estratégias de combate à financeirização da habitação e às políticas neoliberais que a sustentam, factores que se encontram na raiz da crise actual da habitação em toda a Europa.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

STOP DESPEJOS - À atenção da Câmara Municipal de Lisboa

 
Habita
8 h ·
Hoje a Rita Vieira estava para ser despejada! Muita gente juntou-se para travar o seu despejo. A Luta vai continuar!! A Rita ocupou uma casa municipal que estava vazia há anos, com as suas duas filhas. Já tentou arrendar várias casas no mercado, mas não conseguiu continuar a pagar a renda. Trabalha e ganha o salário mínimo, aquela magnífica quantia de 585€ que, obviamente, não chega para pagar uma renda e tudo ó que é fundamental para a sobrevivência. Rita concorre às casas municipais e não consegue a pontuação necessária para ter acesso a uma habitação social, nesta corrida a ver quem é mais desgraçadinho. A CML diz que Rita e as centenas de outras famílias que estão a ocupar não o podem fazer. E nós perguntamos se a autarquia pode ter casas vazias durante anos a estragar-se, quando milhares de pessoas estão há anos a concorrer à habitação. Neste momento o sistema de pontuação colapsou porque não responde de longe às necessidades. Quando há centenas de casas ocupadas, centenas de casas vazias e milhares de pessoas a tentar ter acesso a uma casa que seja compatível com o seu rendimento o falado sistema de pontuação já não faz sentido. É preciso novas medidas, medidas de emergência e a suspensão de todos os despejos. Quando há centenas de casas ocupadas o problema não é das pessoas que ocuparam, mas do sistema, da autarquia. O problema é sistémico. Neste momento pedimos diálogo, porque as mulheres que estão a habitar as casas estão organizadas e querem uma solução política para um problema político. Não pode haver despejos sem solução! Não é solução mandar as pessoas para a casa de familiares! Não é solução um subsídio temporário! A solução tem de ser casa. Vamos continuar a lutar, estamos atentas e atentos a qualquer despejo promovido pela autarquia. #HabitaçãoPúblicaJá #StopDespejos
Paula Cristina Marques #CâmaraMunicipaldeLisboa Câmara Municipal de Lisboa



Solteira, com dois filhos e o salário mínimo. Mesmo assim sem direito a habitação social

Rita tem dois filhos. Depois de não conseguir pagar a renda na casa onde vivia, na Pontinha, ocupou um apartamento em Telheiras. A Câmara de Lisboa quer despejar esta família.

A ordem de despejo chegou. A partir desta quarta-feira, Rita Vieira e as duas filhas, de 3 e 9 anos, têm de deixar a casa onde vivem; uma casa ocupada.
A habitação em Telheiras pertence à Câmara Municipal de Lisboa, mas estava fechada há vários anos. Rita soube por uma vizinha que a casa estava vazia e mudou-se para lá. Com o salário mínimo nacional e duas filhas menores, não conseguia pagar a renda onde vivia, na Serra da Luz, na Pontinha.
Rita candidatou-se por várias vezes a uma casa camarária, mas os 580 euros mensais não lhe garantem a pontuação necessária - é rendimento a mais para ter direito a habitação social.
A alternativa foi ocupar uma casa. Quando chegou, a habitação não tinha as condições mínimas. Faltavam torneiras, lava-loiças, o chão estava partido, as paredes sujas. Arranjou tudo e mudou-se há três meses. Mas agora vai ter de sair.

À porta de Rita, juntam-se outras mulheres. Vieram mostrar solidariedade. Estão na mesma situação - também elas ocuparam casas, têm filhos pequenos, vivem a incerteza. No final do mês, não recebem o suficiente para alugar casa, mas têm rendimento a mais para ter a direito a habitação da câmara.

A TSF pediu uma reação a câmara de Lisboa. A vereadora da Habitação, Paula Marques, considera que Rita Vieira tem uma alternativa: pode ir viver com a avó.

Já Rita Vieira explica que a solução sugerida pela câmara não é viável. A avó não quer receber Rita e as crianças e a casa é pequena todos.
Esta quarta-feira, a polícia não chegou. Talvez venha amanhã. Ou depois. Até lá, Rita tem as malas prontas.
Um caso entre tantos. Rita Silva, da associação Habita, lembra que este não é um problema isolado. Há centenas de famílias a ocupar casas da câmara de Lisboa que estavam ao abandono.

A representante da Habita explica que têm pedido à câmara reuniões para tentar resolver estas situações.


https://www.tsf.pt/sociedade/interior/solteira-com-dois-filhos-e-o-salario-minimo-mesmo-assim-sem-direito-a-habitacao-social-9909550.html

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Encontro Internacional Hands Off - 21 a 25 Setembro, Lisboa


Junta-te à luta contra a mercantilização da habitação e a exploração de residentes em toda a Europa! Tirem as mãos das nossas casas: NÃO a mais despejos! NÃO a mais especulação! A habitação não é um mercado, é mais que um direito, é o direito fundamental na base de todos os outros!
Participa no European Housing Action Camp em Lisboa! A Aliança Europeia pelo Direito à Habitação e à Cidade reúne colectivos activistas de toda a Europa e está a organizar um Encontro Internacional entre os dias 21 e 25 de setembro de 2018 em Lisboa, Portugal. O Hands Off Action Camp é aberto a todos os que quiserem defender as nossas cidades, casas e habitantes das mãos do mercado e da especulação. O programa prevê oficinas de ação e discussão sobre as lutas actuais pelo direito à habitação e à cidade, numa lógica de troca de conhecimento e práticas activistas. Durante os cinco dias, haverá debates, workshops, discussões, um programa cultural e uma manifestação em Lisboa e Porto! As lutas surgem por necessidade de resistência e precisamos de espaços para nos conectar, aprender uns com os outros e construir relações suficientemente fortes para criar um movimento pelo direito à habitação e à cidade. Junta-te e participa.
Manifestações de interesse através do email handsoffactioncamp2108@disroot.org


https://housingnotprofit.org/en/news/view/european-housing-action-camp-2018-21-25-09-2018-lisbon 

https://www.facebook.com/events/296816311049098/

PROGRAMA: https://www.facebook.com/events/296816311049098/permalink/297581260972603/


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Manifestação 22 Setembro 15h Lisboa e Porto


Pelas Nossas Casas, Pelas Nossas Vidas, Lutamos!

Saímos à rua pelas nossas casas, pelos espaços que habitamos.
Saímos à rua para lutar pelas nossas vidas: pelos nossos bairros,
lugares e comunidades.
Lutamos por uma vida digna e reclamamos o direito à construção coletiva
dos espaços em que vivemos.
As políticas actuais não resolvem o problema da habitação. Exigimos
habitação digna para toda a gente.
Chega de exclusão e de precariedade! Basta de especulação imobiliária!
A habitação não é um negócio. Pelas nossas casas, pelas nossas vidas,
lutamos!
_

Dia 22 de Setembro, a partir das 15h, contamos contigo no Intendente!

https://manif22set.wordpress.com/

[ Associações e Coletivos Organizadores e Subscritores ]

Academia Cidadã
AIL - Associação dos Inquilinos Lisbonense
APPA - Associação do Património e População de Alfama
Assembleia de Moradoras/es do Porto
Assembleia de Ocupação de Lisboa
Assembleia Feminista de Lisboa
Associação de Moradores e Moradoras do Centro Histórico do Porto
Associação Mula
Associação Terapêutica do Ruído
Cancela a Propina
Casa da Achada
Centro de Cultura Libertária
Circuito Explosivo Associação Cultural
Colectiva e Contrabando - Rede de Activistas
Coração Alfacinha / Rua dos Lagares 25
Cultura no Muro
Disgraça
Festival Feminista do Porto
Fruta Feia
Gaia
Gestual
Grupo de Apoio à Habitação - Porto
Habita
Habita Porto
Left Hand Rotation
Make Adamastor Public Again
Mina
Moradores do Bairro 6 de Maio
Moradores do Bairro da Torre
Moradores Fidelidade Lisboa
Morar em Lisboa
Mulheres na Arquitectura
Nu Sta Djunto
O Porto Não Se Vende
Outros Ângulos
Panteras Rosa
Rama em Flor
RDA
Rede de Solidariedade
Rock in Riot
Rosa Imunda
Saber compreender
Somos blergh
Slutwalk
SOS Racismo
Stop Despejos
Terra Viva/Terra Vivente A.E.S
União de Mulheres Alternativa e Resposta
Zona Franca

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Situação no Bairro da Torre - imprensa

Bairro da Torre, a caverna do século XXI. Sem luz e sem água.

Rita Rato Nunes

Neste bairro do concelho de Loures, vive-se sem água e sem luz. Desde o incêndio cerca de 35 habitantes (sobre)vivem em condições ainda mais precárias, mas não querem abandonar a sua morada, porque continuam a sonhar com um bairro novo para todos.

Maria Fortes com o padre José Manuel Salvador
© Foto Filipe Amorim / Global Imagens

Uma família está num lugar sem luz. Só consegue ver sombras de objetos projetadas na parede que têm à frente. "Eu estou na escuridão. Eu estou na caverna", diz Maria Fortes. Sem saber de referências filosóficas, não é na Caverna de Platão, o filósofo da Grécia Antiga, que Maria está a pensar. Está a falar da sua própria caverna, bem terrena, que é a sua casa no Bairro da Torre, em Camarate, concelho de Loures - junto ao terreno do aeroporto Humberto Delgado.
É uma barraca, num dos últimos bairros de barracas que existem à porta de Lisboa. São meia dúzia de metros, sem janelas, onde a luz do dia também apenas provoca sombras. Não tem eletricidade. Não tem água. Tem um colchão para dormir. Maria tem roupas oferecidas e um telemóvel, que usa para ver a comida que está a preparar com a luz que o ecrã emite. De resto, o telefone está praticamente sempre desligado para poupar bateria, uma vez que, em casa, não tem onde o carregar.
Maria trabalhou até há pouco tempo como jardineira no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Agora está desempregada. As condições em que vive são as mesmas há 22 anos, altura em que se mudou para o bairro da Torre. À porta de casa tem um depósito de lixo. Colchões estragados, roupa rasgada, restos de comida e dois cães com os esqueletos salientes, que procuram a próxima refeição.
Mas não está sozinha. Partilha este terreno ocupado ilegalmente desde a década de 1970 com 200 a 250 pessoas. Ciganos e negros dividem-se em dois bairros dentro do bairro.

Maria veio de São Tomé e juntou-se à metade do bairro que tinha origem africana como ela - vizinhos de lá, vizinhos cá, ajudavam a encarar melhor as agruras de uma vida de imigrante. Maria vive com o primeiro dos seus sete filhos. Foi precisamente o seu filho mais velho, que, quando chegava do trabalho, por volta da uma da manhã do domingo 22 de julho viu o incêndio no bairro da Torre.

O incêndio que queimou o pouco que havia

A casa de Maria não foi uma das cerca de quatro barracas - casas construídas clandestinamente, já de cimento e tijolos mas toscas - que foram consumidas pelas chamas. Desde que ali vive lembra-se de ter assistido a seis ou sete fogos, mas este foi o pior. Maria diz que se chegou a sentir-se mal porque se enervou com a demora dos bombeiros.
"Houve um senhor que foi lá e os bombeiros disseram que não sabiam onde era o bairro da Torre", conta. Segundo o Comande dos Bombeiros de Camarate, Luís Martins, a reação do quartel, situado a cerca de 200 metros do bairro, foi quase imediata e os 33 homens e 12 carros saíram das suas instalações quatro minutos depois da uma da manhã para combaterem as chamas.


O incêndio ficou extinto por volta das 2:15h da manhã. Mas foi o suficiente para ficarem desalojadas cerca de 35 pessoas, 13 famílias. Que viviam todas em quatro casas. Na origem do fogo esteve muito provavelmente um curto circuito relacionado com as baixadas de eletricidade que os moradores fazem, desde 2016. Até há dois anos, o bairro tinha luz, mas a falta de pagamento das contas levou a EDP a cortar a energia. "Isto aconteceu na semana em que se inaugurou o MAAT [Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia], da EDP, em Belém", diz o padre José Manuel Salvador, missionário comboniano que dá apoio ao bairro.

"Nós não temos condições para estar a pagar 5€ por dia para termos luz. É muito para abastecer um gerador"
A luz foi cortada em outubro e em dezembro a câmara municipal de Loures instalou dois geradores de energia para iluminar o bairro. No entanto, dois meses depois os moradores pediram à câmara para retirar estes geradores, porque não conseguiam ajudar a pagar os custos do gasóleo. "Nós não temos condições para estar a pagar 5€ por dia para termos luz. É muito para abastecer um gerador", diz Flávia Carvalho, que vivia numa das casas que o fogo queimou.
Entretanto, em Junho de 2017 foi aprovado por todos os partidos no Parlamento um projeto de resolução que recomendava ao Governo a adoção de medidas que garantissem "a prestação do serviço público de eletricidade aos habitantes dos bairros e núcleos de habitações precárias". Mas no bairro da Torre a maioria das casas continua às escuras. Quem ali vive não tem rendimentos para pagar uma conta de eletricidade. O pouco dinheiro que ganham serve essencialmente para pagar transportes e comprar comida - tarefa diária, uma vez que os moradores não têm frigoríficos onde guardar alimentos.
Nem todas as pessoas que moram no bairro da torre trabalham. A maioria faz uns biscates, outros trabalham em casas de famílias a fazer limpezas e há pelo menos uma pessoa que trabalha numa loja, no Centro Comercial do Campo Pequeno. No final do mês, quando recebem o ordenado, partilham com aqueles que não têm rendimentos. Aqui ninguém passa fome. Sustentam-se uns aos outros, garantem. Vivem como uma só família. O que é de um é de todos.
Os moradores do bairro vieram de São Tomé, através de Junta Médica - um programa de apoio à saúde do governo português com o de São Tomé e o da Guiné Bissau. "Aqui criaram laços de amizade. E como uns trabalham outros não, apoiam-se. Não passam fome.", diz José Manuel Salvador. O padre chegou a Camarate há dois anos, vindo de uma missão em Bogotá, a capital colombiana.

"A primeira vez que aqui vim, pensei que isto eram casas de campo onde as pessoas tinham as suas hortas com umas barraquinhas"

Quando chegou, estranhou a forma como se (sobre)vive no bairro da Torre. "A primeira vez que aqui vim, pensei que isto eram casas de campo onde as pessoas tinham as suas hortas com umas barraquinhas", conta. Agora, José conhece bem todos os habitantes, e passa todos os dias pela capela do bairro. A capela é uma divisão do tamanho de um quarto de solteiro, preenchida por sacos de roupa e brinquedos de criança doados, três ou quatro colchões no chão - que agora servem de cama aos desalojados do incêndio -, e uma cruz improvisada em madeira com os nomes de quem morreu ali.

Depois do incêndio, o missionário ficou ainda mais preocupado com a situação dos habitantes do bairro da Torre. Não tem mãos a medir para tentar solucionar o caso dos desalojados, e tem receio de que a resolução passe por tentar mover a população dali para fora. "Se forem para fora [do bairro da Torre] sabem que mesmo que tenham uma casa, não vão ter dinheiro para pagar a luz, a água ou os transportes", diz. E há ainda a questão da integração social. "As pessoas têm as crianças na escola daqui e, se tiverem de ir para um ambiente completamente diferente, preocupa-me que sofram". Porquê? "Racismo", responde o padre. "Aqui estavam um pouco mais protegidos porque a maioria é africana".
Viegas Abreu perdeu no incêndio a casa onde vivia com a sua mulher há 18 anos. Agora dormem os dois num colchão no chão da associação de moradores com os outros vizinhos, mas não querem sair dali. "Fizeram-nos uma proposta, mas quase ninguém aceitou. Queriam que eu fosse lá para a Amadora. Mas eles também têm problemas naquele bairro 1.º de Maio. Se eles não têm casa para aquele pessoal, têm para nós?".


Para onde vai quem já nada tem

Apesar de as condições neste bairro serem muito precárias, a entreajuda e o hábito fazem com que quem lá more prefira viver assim do que ser realojado em casas mais dignas, mas também mais distantes, separando famílias. "Se tivéssemos dinheiro o melhor era construirmos uma casa para todos", diz Flávia Carvalho. O padre Salvador acrescenta: "Ainda temos um sonho: construir um bairro para eles estarem juntos".

"Ainda temos um sonho: construir um bairro para eles estarem juntos"

As autoridades têm outras ideias. O presidente da câmara de Loures, Bernardino Soares, diz que compreende "o espírito de união e a identidade da comunidade", mas não tem "nem a curto, nem a médio prazo forma de os manter a todos juntos". "Perpetuar este caso é que não é uma solução. É uma vergonha para o país este bairro existir", diz.
Bernardino Soares garante que a autarquia está a fazer de tudo para acomodar os moradores do bairro da Torre. Os técnicos da câmara em colaboração com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana estão a elaborar uma lista com frações disponíveis no seu património para realojamento imediato. Na próxima semana está previsto entregarem quatro casas na Margem Sul.
Também o Ministério do Ambiente, num esclarecimento enviado para as redações no dia 24 de julho, se mostrava ainda disponível para "conceder apoio adicional, caso seja necessário, às famílias afetadas pelo incêndio por via do Porta de Entrada - Programa de Apoio ao Alojamento Urgente" e implementar "uma solução habitacional global para o Bairro da Torre, por via do 1.º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação." Mas é pouco provável que estas famílias tenham meios para concorrer a estes programas de arrendamento.
A câmara municipal diz que não tem meios para resolver este flagelo humano sozinha. No ano passado a câmara realojou 23 famílias, mas não tem como responder a todas as situações. Para pôr fim a esta "situação dramática" precisa de ajuda da administração central, que aliás é a proprietária do terreno, refere o presidente.


As famílias que foram afetadas pelo incêndio estão distribuídas entre as outras casas do bairro que não sofreram com o incidente, a capela e a associação de moradores - uma sala, um quarto, uma cozinha e uma casa de banho mínima num espaço exterior. Para já, todas as energias estão voltadas para os desalojados, mas Maria Fortes, que não ficou sem o seu colchão no incêndio, também precisa de sair da caverna.
Esta semana, tal como Veigas Abreu, também recebeu uma proposta da câmara para ir para uma casa. Disseram-lhe que era um T2 na Amadora. A casa onde agora vive é uma barraca, sem luz, sem água. Mas não aceitou. Tem sete filhos e juntá-los a todos é a sua grande preocupação desde a morte do marido. Para mudar, quer que seja com todos. E para já fica no sítio onde vive há 22 anos - no bairro da Torre.

https://www.dn.pt/pais/interior/bairro-da-torre-a-caverna-do-seculo-xxi-9660358.html

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Incêndio no Bairro da Torre - Campanha de angariação de fundos

 

35 pessoas ficaram desalojadas no incêndio de 22 de Julho no bairro da Torre em Camarate, Loures.

Não conseguiram salvar os bens que se encontravam na sua casa, e enquanto os apoios sociais não chegam precisam de apoio alimentar, de higiene, medicamentos, roupa, calçado, e algum apoio para reconstruir a sua vida.

Os apoios que têm recebido de familiares, amigos e entidades solidárias não chegam para todas as suas necessidades.

Apelamos à solidariedade de todos para que estas famílias de poucos recursos consigam recuperar desta tragédia.

Contribua através do IBAN: PT50 0033 0000 13080059788 48
Nome da Conta: Fábrica Igreja Paroquial São Tiago de Camarate

Contactos:
963111930 | Ricardina Cuthbert, Presidente Associação Torre Amiga
920475617 | José Salvador, Paróquia de Camarate
email: associacaotorreamiga@gmail.com

Muito obrigado, bem hajam!


https://www.facebook.com/events/230520500931974/ 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Queremos diálogo!

À atenção da vereadora Paula Marques da CM Lisboa

Queremos dialogo! from Claudio Carbone on Vimeo.

Reuniao do Habita de atendimento a habitação

STOP DESPEJOS é um movimento que junta pessoas e colectivos para parar os despejos e defender o direito à habitação e ao lugar. Histórias reais de mulheres resistentes lutando contra as dinâmicas legais da Lisboa de hoje.

Reuniao do Habita de atendimento a habitação STOP DESPEJOS! from Claudio Carbone on Vimeo.

terça-feira, 12 de junho de 2018

A negação do direito à habitação limita todos os outros direitos fundamentais


por Rui Viana Pereira [originalmente publicado por cadtm.org, 15-05-2018]

A falta de habitações acessíveis a uma grande parte da população, juntamente com a apresentação de um projecto de lei de bases da habitação[1], por iniciativa de Helena Roseta [2], permite trazer o debate sobre a habitação para a ribalta. No entanto, este debate tem decorrido de forma enviesada, tanto por razões ligadas aos grandes interesses imobiliários em jogo – os quais, por sua vez, estão estreitamente ligados à propriedade dos meios de comunicação social, que ditam o curso da informação e do debate –, como por razões históricas e culturais: ao longo de 30 anos, o direito à habitação e o conceito de habitação social caíram no esquecimento ou foram deturpados.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Forum Direito à Habitação - 5 Maio, ISPA




1º Painel – Arrendamento e Lei das Rendas | 10,00h às 11,30h
Moderadora: Leonor Duarte
Romão Lavadinho, Presidente da AIL - Associação dos Inquilinos Lisbonenses
Helena Roseta*, Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa

2º Painel – Especulação Imobiliária e Investimento Estrangeiro (Golden Visa e Residentes não Habituais) | 11,30h às 13,00h
Moderador: Luís Mendes
Karina Carvalho, Diretora Executiva da Associação Transparência e Integridade
Paulo Morais, Frente Cívica
Pedro Bingre, Instituto Politécnico de Coimbra

3º Painel – Gentrificação e Turistificação | 14,00h às 15,15h
Moderador: Gonçalo Antunes
Luís Mendes, IGOT-UL
Agustin Cocola-Gant e Ana Gago, IGOT-UL
Madalena Corte-Real, FCSH-UNL

4º Painel – Resistência aos Despejos | 15,15h às 16,30h
Moderadora: Filipa Bolotinha
Lurdes Pinheiro, APPA – Associação da População e Património de Alfama
Rita Silva, Habita e Stop Despejos
Duarte Guerreiro, Rede de Solidariedade

5º Painel – A Cidade que Queremos | 16,30h às 17,30h
Moderador: António Machado
Paula Marques, Vereadora da Habitação da CM Lisboa
Leonor Duarte, Movimento Morar em Lisboa

Encerramento dos trabalhos

*a confirmar

Stop Despejos: Sessão Pública, Câmara de Lisbo, 28 Abril 2018

Uma ação da Habita: mulheres apoiam-se na luta pelo direito à habitação.



Stop Despejos _ Sessão Pública, Câmara de Lisboa_ 28 Abril 2018
from Fannie Vrillaud on Vimeo.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

25 de Abril - Em luta pelo Direito à Habitação

44 anos depois, a luta continua pela habitação. Juntaram-se pessoas da Mouraria (rua dos Lagares), do bairro 6 de Maio na Amadora, inquilinas da Fidelidade indignadas, famílias do Bairro do Zambujal na Amadora, e outros e outras!!