sexta-feira, 28 de março de 2014

Notícia da Lusa sobre a acção de 26 de Março na Amadora

   
Amadora, 26 mar (Lusa)- Moradores de bairros de barracas e de habitação social da Amadora reclamaram hoje em frente à câmara local por mais "diálogo e respeito" nos processos de realojamento em curso no município.
A concentração em frente ao Paços do Concelho juntou mais de meia centena de pessoas, a maioria residente nos bairros de Santa Filomena, Casal da Boba, Alto da Damaia/Reboleira, Casal da Mira e Estrela de África.
"Moradores da Amadora exigem diálogo e respeito por direitos fundamentais", lia-se numa faixa presa na saída da estação ferroviária em frente à câmara.
Pelas 18:00, quando o executivo municipal iniciava os trabalhos da sessão pública, Laurença Rosário, 54 anos, exibia na rua uma folha de cartolina onde se queixava que único ordenado de 485 euros não chegava para pagar uma renda de 318 euros numa casa da autarquia.
"Não quero viver de borla em Portugal, porque sempre trabalhei, mas agora preciso de ajuda para uma renda mais baixa, que possa pagar", explicou a moradora no Casal da Boba, que viu a renda de 200 euros aumentar em dezembro de 2013, altura em que deixou de poder pagar as mensalidades. O marido está sem trabalho na construção civil e o filho "não arranja nem um part-time".
Rita Silva, do movimento Assembleia da Habitação, esclareceu que a iniciativa, com animação de rua e distribuição de panfletos em frente á câmara, pretendeu alertar para situação nos bairros da Amadora, que vão "desde despejos forçados sem qualquer alternativa, a realojamentos autoritários, em número excessivo de pessoas em casas sem a dimensão" e ainda para os "aumentos insuportáveis de rendas que estão a empobrecer famílias que já vivem com dificuldades" nos bairros sociais.
A autarquia, acusou a ativista, "tem mostrado uma total ausência de diálogo, revelando que trabalha mais para fundos de investimento imobiliário do que para proteger a vida, a estabilidade e os direitos" das famílias dos bairros degradados ou de realojamento.
Os manifestantes acabaram por entrar na câmara e assistir à intervenção de alguns munícipes.
"Os despejos em vários bairros estão a deixar as pessoas na rua e em pobreza extrema", denunciou Susana Duarte, em representação dos moradores, desafiando a câmara a dialogar com as pessoas afetadas pelos processos de realojamento.
Um morador no Bairro de Santa Filomena acusou a autarquia de não atender às condições das pessoas que deixa na rua. Eurico reclamou ainda contra "as pressões" exercidas contra os moradores para abandonarem as suas habitações sem alternativas.
A presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares (PS), respondeu que a autarquia não pode deixar de aplicar a atualização das rendas.
"A nossa disponibilidade para o diálogo é total", garantiu a autarca, sublinhando que a câmara vai prosseguir "com determinação" na demolição de bairros como Santa Filomena e Estrela de África (Venda Nova).
Segundo a autarquia, em 1993 existiam 4791 barracas distribuídas por 35 núcleos degradados. "Atualmente existem ainda 1439 construções distribuídas por dez bairros, dos quais 283 são ocupações ilegais", contabiliza uma nota camarária.
O realojamento no bairro de Santa Filomena envolveu 542 agregados familiares, em 442 habitações precárias, num universo de 1945 residentes. Desde 1993 foram demolidas 301 construções. A autarquia considera que meia centena das 141 que faltam para demolir são "ocupações ilegais" e que tem desenvolvido "um trabalho sério de acompanhamento com vista à sua autonomização".

LYFS // ARA
Lusa/Fim



1 comentário:

  1. Assinale-se que, apesar de a Lusa ter feito o seu trabalho, nenhum jornal divulgou essa notícia (a não ser um site: o Portal Libertário). A isto chama-se Censura.

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