COMUNICADO
DE IMPRENSA
Moradores/as
desalojados/as de
Santa
Filomena instalam-se na
Igreja
da Matriz da Amadora
10
de Maio de 2014
Um
grupo de quatro moradores e moradoras que ficaram sem casa em
resultado dos despejos e demolições forçadas realizados no Bairro
de Santa Filomena instalaram-se hoje na Igreja Matriz da Amadora. Sem
qualquer alternativa onde dormir, estas pessoas ficarão na Igreja
pois procuram um tecto e este foi o único que encontraram.
A
Câmara da Amadora (CMA) tem vindo a demolir vários bairros na
Amadora, e ao contrário do que diz, tem deixado as pessoas que estão
fora do PER sem qualquer alternativa. São centenas as famílias que
já foram despejadas pela Autarquia. Vivem agora em casa de
familiares, amontoam-se na sala de jantar de um primo, passam a
sobreviver num carro, ou engrossam o numero de sem abrigo que estão
já na rua. Ninguém está livre do despejo e do tratamento violento
da CMA: mulheres, mães sozinhas e desempregadas, homens, crianças,
idosos/as, desempregados, doentes, etc.
Na
ultima semana a Câmara voltou a surgir no bairro Santa Filomena com
a força policial, arrombando portas, retirando famílias dentro das
suas casas e destruindo o único tecto que tinham. Uma dezena de
pessoas ficou na rua: duas mulheres, duas crianças, um idoso, 8
pessoas desempregadas: uns estão em casa de familiares numa situação
que é insustentável, outros estão a dormir na rua nos últimos
dias
Esta
situação não pode continuar, as demolições não podem continuar
a acontecer sem que alternativas dignas sejam estudadas, é a vida
das pessoas que está em causa, a sua integridade física, a sua
sobrevivência, assim como a sua dignidade, os seus direitos num
estado de direito Não tendo o Estado desenvolvido mais nenhuma
política de habitação pública após 1993, não pode assim
destruir o único tecto a que as pessoas têm acesso e que podem
suportar.
É
fundamental a protecção das pessoas, é fundamental que as
organizações e Instituições da nossa sociedade se envolvam,
discutam e desenvolvam soluções para este problema que é de todos
nós e não apenas daqueles que estão a ser despejados para o meio
da rua
A
Câmara tem estado com muita pressa a demolir o terreno de Santa
Filomena que foi comprado pelo Fundo de Investimento Imobiliário
(FII) Millenium, uma operação que envolve uma expectiva de mais
valia potencial de mais de um milhão de euros. No entanto, o bairro
já existia há mais de 40 anos, as pessoas que aí viviam também
compraram partes desse terreno anteriormente e pagaram (e pagam) IMI,
IMT e taxas de esgoto, água e luz. É fundamental ver quais as
prioridades da nossa sociedade. O interesse privado do FII é
actualmente o único interesse da autarquia. como é possível
ignorar o interesse e a salvaguarda de direitos fundamentais e a
própria vida das pessoas?
Sem
qualquer alternativa onde dormir, estas pessoas ficarão na Igreja
Matriz da Amadora pois procuram um tecto e este foi o único que
encontraram. Solicitam também à Igreja apoio, envolvimento na
protecção da sua dignidade, da sua vida, assim como solicitam a
todas as organizações e instituições da sociedade que acreditem
na dignidade humana, na necessidade de proteção da integridade do
ser humano, que acreditem no respeito dos direitos humanos e que
colocam o ser humano como prioridade.....
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