- Entre 1980-1985 uma vaga de imigração acontece no país.
- O emprego na construção leva a um crescimento exponencial da população que se aglomera na periferia da cidade.
- Na altura a Amadora tem terrenos agrícolas registadas em sem
determinação de parte nem de direito em nome de pessoas que ali nunca se
tinham deslocado, famílias residentes umas em Inglaterra outras no
Centro de Lisboa etc
- Como os seus proprietários não exerciam
qualquer acto material sobre o terreno, outros, de nacionalidade
portuguesa - vindos nos anos 60/70 do exodo rural, tomaram a posse dos
terrenos.
- esses, aproveitando-se da vaga de migração, vendem os terrenos, com a palavra e troca de dinheiro
- os compradores eram sobretudo ajudantes, pedreiros trabalhadores da
construção civil...esses que fizeram as obras públicas que usufruímos
todos os dias ( metros, comboio, etc)
- Desde meados dos anos 80, com as suas poupanças construíram as suas casas...
- As ruas do Bairro foram inclusive alcatroadas pelo Município da Amadora nos anos 90, foram postas condutas de água e luz.
- As pessoas registaram as suas construções nas finanças, pagaram água, luz, esgotos
- Desde meados dos anos 80 já passaram 30 anos. 30 anos de vida, de família, de memórias...
- Foi construída uma capela no bairro onde se celebra missa
- Foram construídas creches e serviços de apoio à comunidade
- É uma bairro de pessoas, de vidas
- Na década de 2000, sem que desse facto fosse dado conhecimento a
ninguém os terrenos são vendidos a uma construtora....que venda a
outra...e que em 2007 vende a um Fundo de Investimento Imobiliário Vila
Fundo, gerido pelo Millenium BCP, cujo um dos titulares das unidades de
participação é o célebre construtor José Guilherme.
- Consta do
Relatório do Fundo na CMVM os terrenos de Santa Filomena assim como o
quase certo projecto de construção e urbanização para o local - apesar
de não existir ainda projecto aprovado oficialmente
- Desde que
adquiriu o terreno em 2007, coincidência das coincidências, o Município
lembrou-se de um programa especial de realojamento datado de 1993. Quem
chegou ao Bairro em 1994 está fora dele. Quem chegou ao Bairro solteiro
antes de 1993, é agora realojado num T2 com a mulher, a filha, o genro, o
filho, a nora, e 4 netos. Tudo na mesma casa.
- Para executar o PER
o Município recebeu dinheiro público. Mas não construiu casas para
todas as pessoas abrangidas. E 30 anos depois não tem casa para as
pessoas que ali moram há décadas.
- Crise Económica não há emprego
na construção. Os homens vivem de biscates, as mulheres trabalham nas
limpezas para um rendimento mensal familiar na ordem dos 300 euros. Não
têm direito a habitação social porque não HÁ habitação social para eles.
Não conseguem aceder ao mercado de arrendamento porque não têm fiador,
caução nem rendimento para pagar rendas.
- Em prol dos interesses
privados do FUNDO, o MUNICÍPIO, usando de violência física, simbólica,
emocional... tudo, transforma 30 anos de vida em escombros.
- As pessoas não têm para onde ir.
- As alternativas do Município são a emergência social de um centro de
abrigo em Xabregas, para sem abrigo, em camaratas, com horário nocturno -
como dizer isto a FAMÍLIAS...
- A cereja em cima do bolo: O
município da Amadora recebe apoios por ser cidade envolvida no programa
das cidades interculturais.
Transcrevendo a Douta Recomendação do Senhor Provedor:
“O suposto esbulho dos terrenos é uma questão a resolve entre os
proprietários e os moradores, mas de modo algum justifica a actuação
municipal, substituindo-se aos tribunais.Só razões de ordem pública
urbanística podiam justificar as demolições, mas essas mesma razões
deveriam soçobrar, de momento, perante a conjuntura económica. É este,
aliás, o sentido das normas aplicáveis do Decreto-lei n.° 804/765 de
novembro.”
por Gabriela Farinha
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